THE RABBIT - Por Matheus de Souza
Categorias: 50's, animação, animação de recorte, animation, ano 50, coelho, rabbit, run wrake Escrito por: crisigner
Rabbit - No Egito antigo o coelho simbolizava o nascimento e a nova vida
Ganhador de vários prêmios desde o seu lançamento em 2005, Rabbit – o curta-animado de Run Wrake trata de um tema recorrente na vida da humanidade: Pactos com o Demônio. A palavra Demônio - do grego daïmon - significa gênio, inteligência, aplicada a seres incorpóreos, que estariam colocados entre o princípio divino e os mortais, servindo de intermédio entre eles, e nada tem a ver com a conotação adquirida nos dias de hoje, que a co-relaciona à origem de todo o mal presente na Terra. E é fazendo uso da terminologia grega que Wrake nos presenteia um curta arrebatador.
John Milton - poeta inglês (1608 – 1674) -, afirma em O Paraíso Perdido, um dos poemas épicos mais importantes da literatura mundial, que Deus criou Adão para que este pudesse em seu lugar substantivar a natureza à sua volta. E assim Adão o fez, nomeando pedra, flor e espinho. Inocente, em comum linguagem a Deus, abriu mão de todo e qualquer juízo de valor, de adjetivações, de maneira que uma flor nunca seria frágil ou bela. Adão, equivalente a Adan, seria um anagrama para o substantivo Nada. Nada será Adão além da linguagem proposta por Deus. Foi a partir do momento em que Eva comeu a maçã – desperta pela serpente, pelo demônio absorto dentro da serpente -, que “Bem e Mal” passaram a co-existir com a linguagem de Adão, e a flor passou a ser frágil e bela. Era Adão adjetivando a natureza à sua volta, distanciando-se da linguagem de Deus ao criar valores e signos próprios. O Paraíso estaria para o todo e sempre perdido.
Rabbit parece seguir a mesma linha de raciocínio, pois, durante a sua exibição, os objetos em cena são todos substantivados, seguindo a proposta feita por Deus a Adão, até a chegada do Demônio, liberto por seu casal de pupilos, personagens que lembram figurinhas autocolantes dos anos 1950. De apetite voraz, “Ídolo”, deste modo denominado, tem o poder de alterar a natureza à sua volta, em analogia à perdição de Adão, e desse jeito o faz, transformando vespas em jóias e por este prisma oferta aos pupilos a possibilidade de tornarem-se rei e rainha.
Diferente de em O Paraíso Perdido, em Rabbit, apesar da substantivação adequada aos objetos, nunca houve inocência. Talvez pelo fato dela ter sido antes perdida. Adão e Eva que o digam. Assim, Ídolo, não induz os pupilos a nenhum tipo de comportamento e sim, faz uso da personalidade dos mesmos, do desejo de morte dos mesmos, do poder que lhes sobem a cabeça.
Fazendo uso do ditame popular Tudo o que sobe um dia desce, em Rabbit não é diferente, e não demora Ídolo cobra a sua parte.
Deixa eu brincar de ser feliz. Deixa eu brincar com o meu nariz. Todo carnaval tem seu fim.
Matheus é um roteirista e me indicou essa belezura de animação. Ele é um moço muito inteligente, dai eu o convidei a fazer a crítica. Valeu Matheus.
É isso.
Ganhador de vários prêmios desde o seu lançamento em 2005, Rabbit – o curta-animado de Run Wrake trata de um tema recorrente na vida da humanidade: Pactos com o Demônio. A palavra Demônio - do grego daïmon - significa gênio, inteligência, aplicada a seres incorpóreos, que estariam colocados entre o princípio divino e os mortais, servindo de intermédio entre eles, e nada tem a ver com a conotação adquirida nos dias de hoje, que a co-relaciona à origem de todo o mal presente na Terra. E é fazendo uso da terminologia grega que Wrake nos presenteia um curta arrebatador.
John Milton - poeta inglês (1608 – 1674) -, afirma em O Paraíso Perdido, um dos poemas épicos mais importantes da literatura mundial, que Deus criou Adão para que este pudesse em seu lugar substantivar a natureza à sua volta. E assim Adão o fez, nomeando pedra, flor e espinho. Inocente, em comum linguagem a Deus, abriu mão de todo e qualquer juízo de valor, de adjetivações, de maneira que uma flor nunca seria frágil ou bela. Adão, equivalente a Adan, seria um anagrama para o substantivo Nada. Nada será Adão além da linguagem proposta por Deus. Foi a partir do momento em que Eva comeu a maçã – desperta pela serpente, pelo demônio absorto dentro da serpente -, que “Bem e Mal” passaram a co-existir com a linguagem de Adão, e a flor passou a ser frágil e bela. Era Adão adjetivando a natureza à sua volta, distanciando-se da linguagem de Deus ao criar valores e signos próprios. O Paraíso estaria para o todo e sempre perdido.
Rabbit parece seguir a mesma linha de raciocínio, pois, durante a sua exibição, os objetos em cena são todos substantivados, seguindo a proposta feita por Deus a Adão, até a chegada do Demônio, liberto por seu casal de pupilos, personagens que lembram figurinhas autocolantes dos anos 1950. De apetite voraz, “Ídolo”, deste modo denominado, tem o poder de alterar a natureza à sua volta, em analogia à perdição de Adão, e desse jeito o faz, transformando vespas em jóias e por este prisma oferta aos pupilos a possibilidade de tornarem-se rei e rainha.
Diferente de em O Paraíso Perdido, em Rabbit, apesar da substantivação adequada aos objetos, nunca houve inocência. Talvez pelo fato dela ter sido antes perdida. Adão e Eva que o digam. Assim, Ídolo, não induz os pupilos a nenhum tipo de comportamento e sim, faz uso da personalidade dos mesmos, do desejo de morte dos mesmos, do poder que lhes sobem a cabeça.
Fazendo uso do ditame popular Tudo o que sobe um dia desce, em Rabbit não é diferente, e não demora Ídolo cobra a sua parte.
Deixa eu brincar de ser feliz. Deixa eu brincar com o meu nariz. Todo carnaval tem seu fim.
Matheus é um roteirista e me indicou essa belezura de animação. Ele é um moço muito inteligente, dai eu o convidei a fazer a crítica. Valeu Matheus.
É isso.
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